Los persas se dispersexsan

Extrañamente no se habia dado todavia en el blog este magnífico modo de dispersión que puede darse muy facilmente por la diversidad que se ofrece.
Estos textos de la extraordinaria poeta portuguesa María Teresa Horta y dos enlaces (uno de ellos a la página de donde estan tomados estos textos y el otro a un magnífico blog llamado los cuentos de la maga) han de ser el comienzo de esta nueva dispersión.
(si demoro mucho en continuarla, empiezen sin mi).

Maria Teresa Horta

DESPERTA-ME DE NOITE
O TEU DESEJO
NA VAGA DOS TEUS DEDOS
COM QUE VERGAS
O SONO EM QUE ME DEITO
É REDE A TUA LINGUA
EM SUA TEIA
É VICIO AS PALAVRAS
COM QUE FALAS

A TRÉGUA
A ENTREGA
O DISFARCE

E LEMBRAS OS MEUS OMBROS
DOCEMENTE
NA DOBRA DO LENÇOL QUE DESFAZES

DESPERTA-ME DE NOITE
COM O TEU CORPO
TIRAS-ME DO SONO
ONDE RESVALO

E EU POUCO A POUCO
VOU REPELINDO A NOITE
E TU DENTRO DE MIM
VAI DESCOBRINDO VALES.

*

Poema Antigo

O homem que percorro
com as mãos

e a lua que concebo
na altitude
do tédio




o oceano
penso paralelo — ventre
à praia intata
das janelas brancas
com silêncio

ciclamens-astros
entre
as vozes que calaram
para sempre
o verbo — bússola
com raiz — grito de relevo

O homem que percorro
com as mãos

a estátua que consinto

a lua que concebo.

*

Dúvida

Amor
a tua voz
e a minha sensação de vácuo

de liberdades paralelas
ontem
esquinas encontradas
no ângulo dos lábios

Amor
a tua lâmpada de nevoeiro
sulcado
manhãs de aves
súbitas
com noites inventadas

nada
é o teu rosto
insetos de vertigem
sem paisagem.

*

ANJOS MULHERES - VI

As mulheres voam
como os anjos
Com as suas asas feitas
de cristal de rocha da memória

Disponiveis
para voar

soltas...

Primeiro
lentamente uma por uma

Depois,
iguais aos passaros

fundas...

Nadando,
juntas

Secreta a rasar o
chão

a rasar a fenda
da lua

no menstruo
por entre a fenda das pernas

Às vezes é o aço
que se prende
na luz

A dobrarmos o espaço?

Bruxas
pomos asas em vassouras
de vento

E voamos

Como as asas
lhe cresciam nas coxas

diziam dela
que era um anjo do mar

Rondo alto,
postas em nudez de ombros
e pernas

perseguindo,

pelos espaços,
lunares
da menstruação

e corpo desavindo

Não somos violencia
mas o voo

quando nadamos
de costas pelo vento

até à foz do tempo
no oceano denso
da nossa própria voz

Sabemos distinguir
a dormir
os anjos das rosas voadoras

pelo tacto?

Somos os anjos
do destino

com a alma
pelo avesso
do utero

Voamos a lua
menstruadas

Os homens gritam
- são as bruxas

As mulheres pensam
- são os anjos

As crianças dizem
- são as fadas

Fadas?

filigrama cintilante
de asas volteando
no fundo da vagina

Nadamos?

De costas,
no espaço deste século

Mudar o rumo
e as pernas mais ao
fundo

portas por trás
dobradas pelos rins

Abrindo o ar
com o corpo num só golpe

Soltas,
viando
até chegar ao fim

Dizem-nos
que nos limitemos ao espaço

Mas nós voamos
também
debaixo de água

Nós somos os anjos
deste tempo

Astronautas,
voando na memória
nas galáxias do vento...

Temos um pacto
com aquilo que
voa

- as aves
da poesia

- os anjos
do sexo

- o orgasmo
dos sonhos

Não há nada
que a nossa voz não abra

Nós somos as bruxas da palavra

*

MASTURBAÇÃO

Eis o centro do corpo
o nosso centro
onde os dedos escorregam devagar
e logo tornam onde nesse
centro
õs dedos esfregam - correm
e voltam sem cessar

e então são os meus
já os teus dedos

e são meus dedos
já a tua boca

que vai sorvendo os lábios
dessa boca
que manipulo - conduzo
pensando em tua boca

Ardencia funda
planta em movimento
que trepa e fende fundidas
já no tempo
calando o grito nos pulmões da tarde

E todo o corpo
é esse movimento
que trepa e fende fundidas
já no tempo
calando o grito nos pulmões da tarde

E todo o corpo
é esse movimento
em torno
em volta
no centro desses lábios

que a febre toma
engrossa
e vai cedendo a pouco e pouco
nos dedos e na palma

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